[Capa: Nei Leandro de Castro sobre desenho de Josef Hodek] |
No prefácio escrito pelo Nei Leandro de Castro, intitulado "Guerrilheiro Urbano da Poesia", Nei faz um resumo explicativo sobre as obras anteriores do Moacy, guiando o leitor leigo e desavisado sobre o tom político-vanguardista-de-putaria-experimental presente por toda a obra do autor.
Na seleção de poemas feitas para esta postagem resolvemos não colocar poemas do Cinema Pax, já que as modificações foram quase todas mínimas ou inexistentes, exceto o "POEM()" e "CONTINUA NA PRÓXIMA".
***
POEM( )
político
erótico
debochado
sentimental
moderno
p da vida
paxcinemeiro
itanscaicoense
flutricoloráceo
alvialvi-negrume
alegrecanto
lilibertário
porreta
caralhaquântico
incomunicável
orelhoouvidoleitura
infômio
erótico
debochado
sentimental
moderno
p da vida
paxcinemeiro
itanscaicoense
flutricoloráceo
alvialvi-negrume
alegrecanto
lilibertário
porreta
caralhaquântico
incomunicável
orelhoouvidoleitura
infômio
cajuína
gaderipó
lutypoty
gaderipó
lutypoty
sambachandango
maracalenga
soluampando
maracalenga
soluampando
lunafélico
chperratálada
bucetômega
frevo-de-dois
baião-de-cinco
poesia e poema
que se comunicam
e não comunicam
no livro livre
da página doida
muito doida
pra lá de doida
muito doida
pra lá de doida
pra lá de caicó:
línguas lambidas
pelos erres
das auroras enfeitiçadas
e
trigalaicas
aventuras noturnas
em
saturno
júpiter
mercúrio
sonhos sonos sons
de vogais e consoantes
que explodem
em porres monumentais
e manchetes garrafais
mordendo o céu
da boca louca louca
prazeres de abril
nos contos da lua vaga
da lua gaga
antes e depois
da hora cruviana
antes e depois
da morte anunciada
antes e depois
da hora dilacerada.
o poema existe:
chperratálada
bucetômega
frevo-de-dois
baião-de-cinco
poesia e poema
que se comunicam
e não comunicam
no livro livre
da página doida
muito doida
pra lá de doida
muito doida
pra lá de doida
pra lá de caicó:
línguas lambidas
pelos erres
das auroras enfeitiçadas
e
trigalaicas
aventuras noturnas
em
saturno
júpiter
mercúrio
sonhos sonos sons
de vogais e consoantes
que explodem
em porres monumentais
e manchetes garrafais
mordendo o céu
da boca louca louca
prazeres de abril
nos contos da lua vaga
da lua gaga
antes e depois
da hora cruviana
antes e depois
da morte anunciada
antes e depois
da hora dilacerada.
o poema existe:
eia a poesia
sem
janaínas
sem
janices
sem
janeides
e
sem
melancias.
(in Cinema Pax, 1983, reescrito em 1994)
sem
janaínas
sem
janices
sem
janeides
e
sem
melancias.
(in Cinema Pax, 1983, reescrito em 1994)
***
CONTINUA NA PRÓXIMA
o seriado que eu vivi
não teve fim,
acabou,
continua na próxima semana
com a dor que
ficou
***
[de Objetos verbais (1979)]:
ANTIPROJETO Nº6
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7. faça uma salada tropical com as 120 mil palavras do aurelião.
8. junte à salada uma garrafa de murim. e um livro de zola.
8. junte à salada uma garrafa de murim. e um livro de zola.
9. sirva o poema bem gelado.
***
talvez sim
talvez ficção
talvez ficção
***
[de Um panfleto para Godard (1986)]:
METAPORNOPÔ
sombra
penumbra sombra
câmera escura,
lanterna mágica,
somos dois a se miramar,
somos dois a se miramar.
sombra,
penumbra
sombra,
chuvas de janeiro,
mentiras de abril,
eis o silêncio
da distante
cascata,
desenho a se construir
nos prelúdios da manhã.
sombra
penumbra
sombra:
somos dois,
despidos,
olhos nos olhos,
os corpos febris,
a fantasia a mil,
o cinema em transe,
tuas mãos colherão o meu sexo,
câmera escura,
lanterna mágica,
somos dois a se miramar,
somos dois a se miramar.
sombra,
penumbra
sombra,
chuvas de janeiro,
mentiras de abril,
eis o silêncio
da distante
cascata,
desenho a se construir
nos prelúdios da manhã.
sombra
penumbra
sombra:
somos dois,
despidos,
olhos nos olhos,
os corpos febris,
a fantasia a mil,
o cinema em transe,
tuas mãos colherão o meu sexo,
pênis que tu queres
pênis,
caralho dos teus lençóis
carnavais,
pênis,
caralho dos teus lençóis
carnavais,
e o levarás
à boca
com sofreguidão.
marte e vênus,
visitarei todos os planetas conhecidos
e desconhecidos
— esperma e esperma,
cavalgarei em teus cabelos
de criança e mulher,
de criança e mulher.
com sofreguidão.
marte e vênus,
visitarei todos os planetas conhecidos
e desconhecidos
— esperma e esperma,
cavalgarei em teus cabelos
de criança e mulher,
de criança e mulher.
finalmente
em natal,
sua claridade potengi
sua claridade pirangi
em natal,
sua claridade potengi
sua claridade pirangi
poema a
deslizar
sobre o papel azul
da ansiedade,
começarei a te lamber
pela orelha esquerda.
ou pela direita,
tanto faz.
tanto faz.
o nosso amor só tem um nordeste
começarei a te lamber
pela orelha esquerda.
ou pela direita,
tanto faz.
tanto faz.
o nosso amor só tem um nordeste
e todos os caminhos
levam
à alvorada mineral
do prazer.
à alvorada mineral
do prazer.
em seguida,
caicó e solidão,
lamberei tua língua
num beijo sem fim:
língua contra língua,
assim assim.
lamberei teu pescoço.
caicó e solidão,
lamberei tua língua
num beijo sem fim:
língua contra língua,
assim assim.
lamberei teu pescoço.
teus seios
lamberei.
teus desejos lamberei.
teus desejos lamberei.
voltarei aos
teus seios.
lambidas e carícias,
o que será de mim?
lambidas e carícias,
o que será de mim?
apalparei
tua bunda,
caramba carambola
maraca maracatu
dedos à procura do sol negro
sempre a palpitar e palpitar.
mas o poema,
sonho maldito,
fla fle fli flo flu,
prefere curtir,
a suruba literária
caramba carambola
maraca maracatu
dedos à procura do sol negro
sempre a palpitar e palpitar.
mas o poema,
sonho maldito,
fla fle fli flo flu,
prefere curtir,
a suruba literária
de teresa kac trindade
no jardim das maravalhas
para então cantá-la
em prosa e pau
no jardim das maravalhas
para então cantá-la
em prosa e pau
pau e prosa
ao som do trio elétrico da
bahia
com muito vatapá-pá-pá
viva a mulata-ta-ta
viva maria-ia-ia
viva a filosomia-ia-ia
nos arredores
da poesia.
ao som do trio elétrico da
bahia
com muito vatapá-pá-pá
viva a mulata-ta-ta
viva maria-ia-ia
viva a filosomia-ia-ia
nos arredores
da poesia.
se uma onda
engole a outra
nas saudades de copacabana
nas saudades de copacabana
é que existe
um itinerário
urbano
urbano
para
o beijo na boca
para o suor du corpo
se uma onda engole a outra
o poema engole o poema
em Ipanema
para o suor du corpo
se uma onda engole a outra
o poema engole o poema
em Ipanema
se uma onda
engole a outra
“foda-se o destino e o amanhã
hoje tem fluminense no maracanã”
“foda-se o destino e o amanhã
hoje tem fluminense no maracanã”
se uma onda
engole a outra
a menina, guria menina,
com sua voz
mangaba,
desenha no ar
o espanto
da descoberta:
a burguesia vai à merda,
vai à merda o capital.
a burguesona dá a bunda
pensando em Lourival.
se cristo trepou com Madalena
chico transou com a irmã lualena.
as vozess da puta venérea
apodrecem a porra velha.
vai à merda o capital.
a burguesona dá a bunda
pensando em Lourival.
se cristo trepou com Madalena
chico transou com a irmã lualena.
as vozess da puta venérea
apodrecem a porra velha.
para cada eclipse em saturno
há um terremoto em plutão.
para cada santa frescura
há um santo cagalhão.
se uma onda
engole
a outra,
onda ondeia ondeante,
a ginástica da vida,
mais do que acrobacia,
é vida:
vida à esquerda,
companheira,
vida sempre viva,
vida sempre luta,
companheira,
os dois a se miramar,
olhos nos olhos,
os corpos febris,
vida sempre
vida sempre à esquerda,
carvalho dos teus anzóis
canaviais.
engole
a outra,
onda ondeia ondeante,
a ginástica da vida,
mais do que acrobacia,
é vida:
vida à esquerda,
companheira,
vida sempre viva,
vida sempre luta,
companheira,
os dois a se miramar,
olhos nos olhos,
os corpos febris,
vida sempre
vida sempre à esquerda,
carvalho dos teus anzóis
canaviais.
a ginástica
da vida,
mais do que acrobacia,
é vida:
mais do que acrobacia,
é vida:
viver é se multiplicar
pelos labirintos
do sonho
pelos labirintos
do sonho
pelos labirintos da luta,
lutaremos,
lutarás.
vida mil vezes
vida.
vida, apenas
lida.
lutaremos,
lutarás.
vida mil vezes
vida.
vida, apenas
lida.
sombra
apenas
penumbra, vamos todos sonhar
apenas
penumbra, vamos todos sonhar
lutar
por
um novo amanhã
manhãs
de
manhãs
de
outubro
beijando a revolução
paratibum-bum-bum
paratibang-bang-bang.
sombra
penumbra
sombra,
somos dois a se
miramar
nos suruberros do poema
poematesão
nos limites do poema
poemaficção.
beijando a revolução
paratibum-bum-bum
paratibang-bang-bang.
sombra
penumbra
sombra,
somos dois a se
miramar
nos suruberros do poema
poematesão
nos limites do poema
poemaficção.
***
EIS O POEMA
palavra líquida
que me caicó
à margem
dos rios barranova e Seridó
goiaba manga e mangaba
nos limites da linguagem
miragem
potiguar
da cidade
solar
milenar
sonhar
à espera dos
revolucionários
jardinários
chumchumbregando em noites cruvichanas
enquanto a palavra lambígua não vem
jardinários
chumchumbregando em noites cruvichanas
enquanto a palavra lambígua não vem
não vai
lambelambendo os ventos da manhã
manhã que se
putálida
nos becos natalense
onde o “palácio do governo”
era uma zona de rosas
e potengis
e potengis
nas madrugadas bucetais
à sombra à sombra dos alecrins punhais
***
[de Docemente experimental (1988)]:
POEMAPRASERQUEIMADO
(Projeto:
1968)
(Versão:1987)
(Versão:1987)
1. adquira, ou faça você mesmo,
uma bandeira dos
estados unidos da américa, de qualquer formato e/ou
dimensão. o material deverá ser inflamável.
estados unidos da américa, de qualquer formato e/ou
dimensão. o material deverá ser inflamável.
2. em praça pública, à tarde ou
à noite, ou de manhã,
não importa a hora, não importa o lugar,
não importa a hora, não importa o lugar,
toque fogo
na bandeira.
na bandeira.
poderá ser ao som de “podres
poderes”,
de
caetano.
3. o poema só existirá como
poema
no exato momento em que estiver sendo consumido pelas
chamas.
poema
no exato momento em que estiver sendo consumido pelas
chamas.
4. sempre haverá alguém a pensar
em bachelard: “com
o fogo tudo
se modifica, quando queremos que tudo se
modifique
apelamos para o fogo”.
5. se se preferir levar a
bandeira para casa ou para o
trabalho —
guardando-a (ou não) —, não se terá conservado
um poema, mas sim um simples signo do
imperialismo
norte-americano.
6. neste caso, eis o melhor a
fazer: tomar coca-cola,
estupidamente
quente, com pimenta malagueta:
a
pausa que meleca.
7.
já o poema,
enquanto poema,
será dedicado a
clemente padín,
latino-americano
como todos
nós.
enquanto poema,
será dedicado a
clemente padín,
latino-americano
como todos
nós.
***
COMPANHEIRO
Ernesto
Martins,
teu marxismo
teu marxismo
sempre
foi
mais
vendaval
teu marxismo
teu marxismo
sempre
foi
mais
terremoto
enquanto nós,
enquanto nós,
poetas
do
imprevisível,
procurávamos
procurávamos
a
utopia
e
a revolução
nas difíceis
nas difíceis
noites
da
repressão.
A claridade
A claridade
de
tuas
ideias
iluminou
iluminou
muitas
e muitas
cabeças
iluminou
iluminou
muitos
e muitos
corações
apesar
apesar
da
crise
dos
rachas
dos
desvios
das
práticas
socialistas
socialistas
em
nome em nome
da
verdade
revolucionária.
O que fazer?
revolucionária.
O que fazer?
Aonde
vamos?
“À esquerda
“À esquerda
à
esquerda
à
esquerda
que a direita
que a direita
é
a rota
dos
traidores.”
Maiakóvski,
Maiakóvski,
afinal,
ainda
nos emociona.
Companheiro
Ernesto Martins,
último dos leninistas,
os tempos
são
outros,
outras
são
(muitas d)as
angústias,
mas, amigo,
Ernesto Martins,
último dos leninistas,
os tempos
são
outros,
outras
são
(muitas d)as
angústias,
mas, amigo,
a
luta a luta
continua
e as rosas
e as rosas
vermelhas
da
paixão
renascerão
renascerão
renascerão
em
outubro
ou, quem sabe,
ou, quem sabe,
no
próximo
verão.
***
***
[de Balaio incomum (1992)]:
***
***
***
***
[de Qualquer tudo (1993)]:
UM OLHAR CANGAÇO
um certo
cansaço
um lambe-lambe sem memória
um lambe-lambe sem memória
um velho
cinema pax
um cão sem
plumas
um potengi ao
crespuscelecer
um maraca
maracanã
um poema sem
poesia
um
xerenhenhenhé de mulher
um quase
tudo nenhum
e
50
sonhos adormenguecidos
50
sonhos adormenguecidos
***
RECOMEÇO
Sei
do sonho:
procuro tua sombra na
penumbra
da memória líquida
e nada encontro.
A lua não é vermelha
não é violeta
não é verdecoisa
mas
os loucos da madrugada
anunciam as primeiras águas da manhã.
Sei do sonho?
Tua sombra pagã
é um corpo que me foge
das mãos cansadas de espantos
e abismos.
A árvore sonolenta
anoitece os meus delírios.
Não te vejo na claridade
do silêncio.
O sol é um pássaro ferido
na solidão
de meus gestos de meus gritos
e a hora cruviana
é uma graviola
grávida
de aromas e carnes
pronta para ser saboreada.
Sei.
Não foi um sonho.
Como encontrar,
então,
na
arquitetura fluvial
de meus quereres,
as linhas
procuro tua sombra na
penumbra
da memória líquida
e nada encontro.
A lua não é vermelha
não é violeta
não é verdecoisa
mas
os loucos da madrugada
anunciam as primeiras águas da manhã.
Sei do sonho?
Tua sombra pagã
é um corpo que me foge
das mãos cansadas de espantos
e abismos.
A árvore sonolenta
anoitece os meus delírios.
Não te vejo na claridade
do silêncio.
O sol é um pássaro ferido
na solidão
de meus gestos de meus gritos
e a hora cruviana
é uma graviola
grávida
de aromas e carnes
pronta para ser saboreada.
Sei.
Não foi um sonho.
Como encontrar,
então,
na
arquitetura fluvial
de meus quereres,
as linhas
e curvas
de teu corpo barrento-canela?
Ah, não! Ah, sim!
Existe
um
de teu corpo barrento-canela?
Ah, não! Ah, sim!
Existe
um
grande sertão
nas veredas da minha paixão.
E eu sei do sonho.
Procuro tua sombra líquida
e nada encontro.
A lua não é verdeluã
mas
tua sombra pagã
anoitece os meus delírios.
Como encontra,
sol e solidão,
a arquitetura colonial
de teu corpo fluvial?
Como encontra,
no silêncio de meus gritos,
tua sombra teus aromas tuas carnes?
Sim,
nas veredas da minha paixão.
E eu sei do sonho.
Procuro tua sombra líquida
e nada encontro.
A lua não é verdeluã
mas
tua sombra pagã
anoitece os meus delírios.
Como encontra,
sol e solidão,
a arquitetura colonial
de teu corpo fluvial?
Como encontra,
no silêncio de meus gritos,
tua sombra teus aromas tuas carnes?
Sim,
não.
Tua memória vermelha
é uma sombra grávida
de morenezas e reentrâncias
azuis.
Docemente azuis.
Barrentas e azuis.
Tua memória vermelha
é uma sombra grávida
de morenezas e reentrâncias
azuis.
Docemente azuis.
Barrentas e azuis.
***
fluvialência
intrafuzível: a tarde
laranjatálida, viração lusco fusco
ventania, anuncia a geometria pura
da paixão: o fusco lusco
ao quebrar da noite desenha
as primeiras estrelaluãs que não
voltam demais: a noite noitera,
com seu vinho tinto e o canto de
lorca, o federico, se prepara para
a hora cruviana embalada pela doce
palavra azul e branca e verdechão:
laranjatálida, viração lusco fusco
ventania, anuncia a geometria pura
da paixão: o fusco lusco
ao quebrar da noite desenha
as primeiras estrelaluãs que não
voltam demais: a noite noitera,
com seu vinho tinto e o canto de
lorca, o federico, se prepara para
a hora cruviana embalada pela doce
palavra azul e branca e verdechão:
a
hora cruviana é
uma planície sul de
emoções: apenasmente
a xoxotacetaquiquinha
de uma rapariga mulher
cajuína, madrugada sim,
madrugada não, seria mui
capaz de vivenciá-la: se
for a quiquinha pluriavelã
de uma camila moreneza bela
e azulmarinha, melhor ainda:
uma planície sul de
emoções: apenasmente
a xoxotacetaquiquinha
de uma rapariga mulher
cajuína, madrugada sim,
madrugada não, seria mui
capaz de vivenciá-la: se
for a quiquinha pluriavelã
de uma camila moreneza bela
e azulmarinha, melhor ainda:
a nuvem
vermelha que te
darei, camila, não será
uma nuvem qualquer uma:
darei, camila, não será
uma nuvem qualquer uma:
será
desenhada por di, o
Cavalcanti, e abençoada
pelos amarelos de van g.
nas terras de são saruê:
Cavalcanti, e abençoada
pelos amarelos de van g.
nas terras de são saruê:
só
que camila
não existe mais,
fugiu para Mangaratiba
na penumbra de um devaneio
noturnoluar.
não existe mais,
fugiu para Mangaratiba
na penumbra de um devaneio
noturnoluar.
***
***
***
[de Dez poemas para José Bezerra Gomes (1993)]:
***
***
***
***
[de Poemas imperfeitos (1993-1994)]:
***
***
***
***
POEMa para beth
as auroráceas
de teu olhar-fêmea
olhar-feitiçaria
de teu olhar-fêmea
olhar-feitiçaria
doce como um licor de poesia
me fazem deus
e o diabo
nas planícies morenáceas
de teu corpo
manhãs
xodoborogodências
e madrugadas de outubro.
***
E MUITO MAIS
lula-esperança
além do sonho
um brasil-temperança
e mais
além do sonho
um brasil-temperança
e mais
lula-solidariedade
além da esperança
um brasil-verdade
e mais
além da esperança
um brasil-verdade
e mais
lula-emoção
além da solidariedade
um brasil-paixão
e mais
além da solidariedade
um brasil-paixão
e mais
lula-metalurgia
além da emoção
um brasil-magia
e muito mais
***
4 DE OUTUBRO
Será que ainda vale a pena amar o Brasil?
Será que ainda vale a pena viver no Brasil?
Será que ainda vale a pena acreditar no Brasil?
O BRASIL TÁ FUDIDO?
FUDIDO E MAL PAGO?
Só sei de uma coisa:
quando eu morrer,
quando eu morrer,
caso haja alguma bandeira cobrindo o meu caixão,
que não seja a do Brasil.
Que seja a do PT.
Ou, então, a do Fluminense.
Qualquer uma, ou as duas,
menos a de um país sem memória.
***