Poemas Inaugurais, publicado em 2007 pela Editora Sebo Vermelho, funciona como umacoletânea de poemas esparsos, publicados em revistas independentes e engavetados, mas também como um tipo de registro temporal, já que o livro se divide em 3 partes (Da poesia verbal ao poema/processo, Os poemas inaugurais e 1967- 2007: Acontecências) e um intervalo (:Os lusíadas), cada uma exibindo uma espécie de álbum de fotografias, de figurinhas ou de rugas e cicatrizes.
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TÍTULO
Projeto inaugural: 1972
in Revista de Cultura Vozes (Petrópolis)
Projeto inaugural: 1972
in Revista de Cultura Vozes (Petrópolis)
Romance aloprado do pavão misteriosos
ou
Um crepúsculo é um crepúsculo é um crepúsculo
é uma aurora sapeca nas terras em transe de
São Saruê
ou
De Caicó a Jardim, Acari e Currais Novos
o Seridó é um só, sol e lua, lua e água,
água e sertão, sertão e Seridó
ou
Um crepúsculo é um crepúsculo é um crepúsculo
é uma aurora sapeca nas terras em transe de
São Saruê
ou
De Caicó a Jardim, Acari e Currais Novos
o Seridó é um só, sol e lua, lua e água,
água e sertão, sertão e Seridó
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POEMA/PROCESSO
1986
Projeto
inaugural: 1986
Versão 2000
Versão 2000
ESTE POEMA é merda pura. Não, este poema não é merda pura.
Este poema é um soco no saco dos sacanas da Sibéria.
Não, este poema não é um soco no saco dos sacanas da Sibéria.
Este poema é um convite para uma viagem a Marte e São Saruê.
Não, este poema não é um convite para uma viagem a Marte e São Saruê.
Este poema é um grito contra os agiotas da grafia palavrosa.
Não, este poema não é um grito contra os agiotas da grafia palavrosa.
Este poema é um bangalafumenga qualquer qualquer qualquer.
Não, este poema não é um bangalafumenga qualquer qualquer qualquer.
Este poema é um sim, é um não, é um talvez.
Não, este poema não é um sim, não é um não, não é um talvez.
Este poema é um dedo, um dado, um dia do folheto de cordel.
Não, este poema não é um dedo, um dado, um dia do folheto de cordel.
Este poema é uma boa bosta.
Sim, sim, sim!
Este poema é uma boa bosta; de preferência, com farinha.
Este poema é um soco no saco dos sacanas da Sibéria.
Não, este poema não é um soco no saco dos sacanas da Sibéria.
Este poema é um convite para uma viagem a Marte e São Saruê.
Não, este poema não é um convite para uma viagem a Marte e São Saruê.
Este poema é um grito contra os agiotas da grafia palavrosa.
Não, este poema não é um grito contra os agiotas da grafia palavrosa.
Este poema é um bangalafumenga qualquer qualquer qualquer.
Não, este poema não é um bangalafumenga qualquer qualquer qualquer.
Este poema é um sim, é um não, é um talvez.
Não, este poema não é um sim, não é um não, não é um talvez.
Este poema é um dedo, um dado, um dia do folheto de cordel.
Não, este poema não é um dedo, um dado, um dia do folheto de cordel.
Este poema é uma boa bosta.
Sim, sim, sim!
Este poema é uma boa bosta; de preferência, com farinha.
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DADÁ
PRA CÁ, DADÁ PRA LÁ
Projeto inaugural: 1992,
in Balaio 431 (Rio)
leia JOYCE como se estivesse lendo KAFKA
veja FELLINI como se estivesse vendo MIZOGUCHI
ouça MOZART como se estivesse ouvindo COLTRANE
use REMBRANDT como se estivesse usando DUCHAMP
leia JOYCE como se estivesse ouvindo COLTRANE
ouça MOZART como se estivesse vendo MIZOGUCHI
veja ZILA MAMEDE como se estivesse usando KAFKA
use REMBRANDT como se estivesse sonhando com BACHELARD
ouça JOYCE como se estivesse ouvindo ANTONIONI
assuma JOSÉ BEZERRA GOMES como se estivesse
como se estivesse
metaplagiando FALVES SILVA
e JOTA MEDEIROS
e AVELINO DE ARAÚJO
e ANCHIETA FERNANDES
e DAILOR VARELA
e JORGE FERNANDES
ao som de PEDRO OSMAR e HERMETO PASCOAL
e CLÁUDIO MONTEVERDI
Projeto inaugural: 1992,
in Balaio 431 (Rio)
leia JOYCE como se estivesse lendo KAFKA
veja FELLINI como se estivesse vendo MIZOGUCHI
ouça MOZART como se estivesse ouvindo COLTRANE
use REMBRANDT como se estivesse usando DUCHAMP
leia JOYCE como se estivesse ouvindo COLTRANE
ouça MOZART como se estivesse vendo MIZOGUCHI
veja ZILA MAMEDE como se estivesse usando KAFKA
use REMBRANDT como se estivesse sonhando com BACHELARD
ouça JOYCE como se estivesse ouvindo ANTONIONI
assuma JOSÉ BEZERRA GOMES como se estivesse
como se estivesse
metaplagiando FALVES SILVA
e JOTA MEDEIROS
e AVELINO DE ARAÚJO
e ANCHIETA FERNANDES
e DAILOR VARELA
e JORGE FERNANDES
ao som de PEDRO OSMAR e HERMETO PASCOAL
e CLÁUDIO MONTEVERDI
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POEMA/SOLICITAÇÃO
Rio de Janeiro, 25 de novembro de 1993
De: Moacy Cirne
Para: Presidente em Exercício
Da ACADEMIA BRASILEIRA DE
LETRAS
Ilmo.
Sr. Presidente:
Venho,
por meio deste particular instrumento ficcional, solicitar a Vossa Senhora, mui
literariamente, que seja registrada a candidatura do poeta norte-rio-grandense
FRANCISCO DE SOUZA FORTE (Chico Doido de Caicó), já falecido, para ocupar, com
toda a luminosidade desejável, uma cadeira entre os “imortais” da Academia
Brasileira de Letras, na vaga de qualquer um, não importa quem, não importa
como.
Por
motivos óbvios, sugere-se que as visitas protocolares aos acadêmicos (nem todos
escritores, nem todos intelectuais) por parte do candidato FRANCISCO DE SOUZA
FORTE, aqui tido, mantido e constituído, sejam devida e formalmente
dispensadas.
A
presente solicitação, com o apoio dos incontáveis admiradores, com o apoio dos
incontáveis admiradores de Chico Doido de Caicó, independe de toda e qualquer
possível mediação contraliterária a ser concretizada por algum tipo de autoridade
religiosa, marciana ou carnavalesca.
Sem
mais,
Com saudações caicoenses,
Moacy Cirne
BALAIO INCOMUN
Folha Porreta
***
O POEMA AO
LADO
foi escrito em 1443 por um aventureiro chamado
Moysés Sesyom, roqueiro e sapateiro estabelecido
em Caicó, no interior do Rio Grande do Nordeste,
às margens do Rio Amazonas, entre o Itans e o
Gargalheiras. Moysés Sesyom (amigo de Luis da
Câmara Cascudo, cangaceiro, Luís Carlos
Guimarães, sanfoneiro, e Telé Santana,
futeboleiro) fundou o poema/processo em 1666,
quando passava uma temporada - gozando suas
férias - em Caiçara do Rio dos Ventos, tradicional
bairro boêmio da vida noturna do Rio de Janeiro,
capital da Brasiléia Tresvairada. Paulo Jorge
Dumaresq, principal dramaturgo de Jardim do
Seridó, recomenda que o poema acima seja usado
contra os donos do poder imperial globalizado,
considerando que, para melhor consumi-lo, torna-se
necessário levar para São Sarué do Salto da
Onça os seguintes comes & bebes:
1 disco de K-Ximbinho
22 livros de poetas seridoenses
333 praias do sertão potiguar
4444 crônicas de Berilo Wanderley
55555 poemas experimentais
666666 crepúsculos caicoenses
Projeto inaugural: 2000
foi escrito em 1443 por um aventureiro chamado
Moysés Sesyom, roqueiro e sapateiro estabelecido
em Caicó, no interior do Rio Grande do Nordeste,
às margens do Rio Amazonas, entre o Itans e o
Gargalheiras. Moysés Sesyom (amigo de Luis da
Câmara Cascudo, cangaceiro, Luís Carlos
Guimarães, sanfoneiro, e Telé Santana,
futeboleiro) fundou o poema/processo em 1666,
quando passava uma temporada - gozando suas
férias - em Caiçara do Rio dos Ventos, tradicional
bairro boêmio da vida noturna do Rio de Janeiro,
capital da Brasiléia Tresvairada. Paulo Jorge
Dumaresq, principal dramaturgo de Jardim do
Seridó, recomenda que o poema acima seja usado
contra os donos do poder imperial globalizado,
considerando que, para melhor consumi-lo, torna-se
necessário levar para São Sarué do Salto da
Onça os seguintes comes & bebes:
1 disco de K-Ximbinho
22 livros de poetas seridoenses
333 praias do sertão potiguar
4444 crônicas de Berilo Wanderley
55555 poemas experimentais
666666 crepúsculos caicoenses
Projeto inaugural: 2000
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POEMA/PROCESSO
COM SABOR DE MANGABA
Projeto inaugural: 2001
com a palavra maracanã
alegre-se no frasqueirão
com a palavra copacabana
sinta-se em pirangi do norte
com os projetos do poema/processo
procure, entre cruvianas e virações,
uma casa pintada de espanto
um jornal grego da patagônia
um cavalo amarelo com olhar triste
um poema sem cajus e sem cajás
e uma garapinhada de manga manhosa
alegre-se no frasqueirão
com a palavra copacabana
sinta-se em pirangi do norte
com os projetos do poema/processo
procure, entre cruvianas e virações,
uma casa pintada de espanto
um jornal grego da patagônia
um cavalo amarelo com olhar triste
um poema sem cajus e sem cajás
e uma garapinhada de manga manhosa
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POEMA/PROCESSO
PARA SER BEBIDO
1. Poema da goiaba escandalosa:
Uma vitamina de goiaba, batida durante 44 segundos,
em liquidificador azulpotengíaco, com
polpa de cupuaçu, sorvete de mangaba e um
pouco de licor de menta. Deve-se bebé-lo em
noite de lua cheia ao som de Carlos Zens. Ou de
Naná Vasconcelos. Em outras palavras: a ave voa
dentro do poema de Wlademir Dias Pino.
2. Poema
do caju doidão:
Uma
garrafa de cachaça de boa qualidade
(Topázio, Seleta, Ferreira, Providência, Samanau),
tendo-se como parede uma cesta de caju amigo.
Convém bebé-lo numa tarde de sábado ao som de
Jackson do Pandeiro. Ou de Luiz Gonzaga. Em
outras palavras: nos alpendres d'Acauã pousa o
sertão de Oswaldo Lamartine.
(Topázio, Seleta, Ferreira, Providência, Samanau),
tendo-se como parede uma cesta de caju amigo.
Convém bebé-lo numa tarde de sábado ao som de
Jackson do Pandeiro. Ou de Luiz Gonzaga. Em
outras palavras: nos alpendres d'Acauã pousa o
sertão de Oswaldo Lamartine.
3. Poema do abacaxi prateado:
Um suco de
abacaxi, batido durante 66 segundos,
em liquidificador azulseridoense, com três
morangos e bastante licor de laranja. Recomenda-
se que seja bebido em horas cruvianas,
ao som de Hermeto Paschoal. Ou de Tom Zé. Em outras
palavras: os pássaros da madrugada recolhem a
chuva alfa-silabária da poesia de Regina
Pouchain.
em liquidificador azulseridoense, com três
morangos e bastante licor de laranja. Recomenda-
se que seja bebido em horas cruvianas,
ao som de Hermeto Paschoal. Ou de Tom Zé. Em outras
palavras: os pássaros da madrugada recolhem a
chuva alfa-silabária da poesia de Regina
Pouchain.
4. Poema do sonho americano:
Coca-cola batida com pepsi, fanta laranja,
cebola,
pimentão, sal, açúcar refinado, um pouco de
petróleo e banana com casca e tudo o mais. Para
ser bebido exclusivamente por W.C. Bushit e seus
amigos hollywoodianos, não importa a hora, não
importa o lugar, não importa a cor do crepúsculo,
ao som de fuzis neuróticos. Ou de metralhadoras
esquizofrênicas. Em outras palavras: mais cedo
ou mais tarde o império do mal americano
explodirá numa tarde cinzenta de abril.
pimentão, sal, açúcar refinado, um pouco de
petróleo e banana com casca e tudo o mais. Para
ser bebido exclusivamente por W.C. Bushit e seus
amigos hollywoodianos, não importa a hora, não
importa o lugar, não importa a cor do crepúsculo,
ao som de fuzis neuróticos. Ou de metralhadoras
esquizofrênicas. Em outras palavras: mais cedo
ou mais tarde o império do mal americano
explodirá numa tarde cinzenta de abril.
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CORRENTEZA
EM NOITE DE LUA VERMELHA
Projeto
semântico-inaugural: março de 2005
Este poema azul e azulência,
em sendo divulgado nos próximos 13 dias,
resultará,
para aquele ou aquela que o fizer,
em
cinco auroras sonolentas
quatro manhãs arrepiadas
três tardes atrevidas
dois crepúsculos cansados
um poema docemente encantado
docemente encarnado.
Quem não o divulgar,
dele tomando conhecimento,
será condenado
ao fogo eterno da paixão
em noite de lua vermelha,
nas cercanias do Poço de Santana,
com suas águas cantantes
e suas surpresas cortantes.
em sendo divulgado nos próximos 13 dias,
resultará,
para aquele ou aquela que o fizer,
em
cinco auroras sonolentas
quatro manhãs arrepiadas
três tardes atrevidas
dois crepúsculos cansados
um poema docemente encantado
docemente encarnado.
Quem não o divulgar,
dele tomando conhecimento,
será condenado
ao fogo eterno da paixão
em noite de lua vermelha,
nas cercanias do Poço de Santana,
com suas águas cantantes
e suas surpresas cortantes.
***
CORRENTEZA
EM NOITE DE LUA ABISMADA
Versão do Autor: abril 2006
Projeto semântico/2
Este poema vermelho e qualquer coisa
verdejante,
entre cajás e maracujás,
em sendo divulgado nos próximos 31 dias
por você, caro amigo, doce amiga,
resultará
em
três auroras prateadas
cinco espantos poéticos
três crepúsculos dourados.
Não o divulgando,
mesmo que seja entre cajaranas e carambolas,
será condenado/a
a beber vinho e mais vinho
(de boa qualidade, naturalmente)
durante 13 dias e 13 noites.
***
COM ESTHER
WILLIAM
1. Um sonho.
2. Um sonho com Maria.
3. Um sonho com Maria Antonieta.
4. Um sonho com Maria Antonieta Pons.
5. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema.
6. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema Pax.
7. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema Pax, de Caicó.
8. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema Pax.
O. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça.
1. Um sonho com Maria Antonieta Williams.
2. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça.
3. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça Azul.
4. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça da Liberdade.
5. Um sonho com Maria Antonieta Pons e Esther Williams, em Caicó.
2. Um sonho com Maria.
3. Um sonho com Maria Antonieta.
4. Um sonho com Maria Antonieta Pons.
5. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema.
6. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema Pax.
7. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema Pax, de Caicó.
8. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema Pax.
O. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça.
1. Um sonho com Maria Antonieta Williams.
2. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça.
3. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça Azul.
4. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça da Liberdade.
5. Um sonho com Maria Antonieta Pons e Esther Williams, em Caicó.
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UM POEMA É
UM POEMA É UM POEMA
um seridó
é um seridó é um seridó
um potengi é um potengi é um potengi
o fluminense é o fluminense é o fluminense
um abc é um santa cruz é um são paulo é o abc
um flamengo é um vasco é botafogo fogo fogofogo
uma cidade é uma cidade é um rio natal caicó de janeiro
um poema é um poema é um poema é um poema/processo
um três é um quatro é um cinco é um seis é um sete é um oito
um potengi é um potengi é um potengi
o fluminense é o fluminense é o fluminense
um abc é um santa cruz é um são paulo é o abc
um flamengo é um vasco é botafogo fogo fogofogo
uma cidade é uma cidade é um rio natal caicó de janeiro
um poema é um poema é um poema é um poema/processo
um três é um quatro é um cinco é um seis é um sete é um oito
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OBRAS DO
AUTOR
Os lusíadas
A divina Comédia
A biblioteca de Babel
A biblioteca de Caicó.
Viagem a São Saruê
Viagem ao Poço de Santana
Para ler Marx e O Capital
Para ler os quadrinhos
A invenção de Orfeu
A invenção de Caicó
A poética do devaneio
A poética das águas
Seridó, sedução e solidão
Quadrinhos, sedução e paixão
A divina Comédia
A biblioteca de Babel
A biblioteca de Caicó.
Viagem a São Saruê
Viagem ao Poço de Santana
Para ler Marx e O Capital
Para ler os quadrinhos
A invenção de Orfeu
A invenção de Caicó
A poética do devaneio
A poética das águas
Seridó, sedução e solidão
Quadrinhos, sedução e paixão
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